04 maio 2009

Igualdade entre os Homens: A grande Farsa


Não existe palavra mais subjetiva e incerta que igualdade. Etimologicamente, o termo tem origem desconhecida. Neste particular, o ano de 1799 é emblemático, pois marca a conclusão da Revolução Francesa, com Napoleão se tornando Cônsul da República, e é quando primeiro se houve falar em “igualdade entre os homens”. Até então, especialmente na Antiguidade, tal afirmativa soaria absurda. Mas ela acabaria, em 1948, por desencadear a Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Não é difícil demonstrar por que a palavra igualdade é tão equivocada: não existe coisa alguma igual à outra coisa! Tal fenômeno só ocorrerá em tautologias, que são as redundâncias de pensamento, tão usualmente praticadas por muitos, como “acabamento final”, “elo de ligação”, “há anos atrás”, “abertura inaugural”. Na lógica, são modelos que, independente da valoração de suas fórmulas atômicas, resultam verdadeiros, (A U ~A). Na matemática, temos (F = m.a) ou (e= mc2), ou seja, toda vez que eu afirmo, no predicado, algo que está no sujeito, tenho uma tautologia. Dizer 2 + 2 é o mesmo que dizer 4. Ao definir círculo, estou definindo redondo, e assim por diante. Tanto no raciocínio puro quanto no mundo factual, não existe algo como igualdade. Em verdade, todas as coisas são desiguais.

A ideia de igualdade entre os homens é insana. E não há como defendê-la. Salvo através de falácias. Alguém pode dizer, “Somos todos iguais, porque Deus existe”, ou ainda, “Somos humanos, logo somos todos iguais”. No primeiro caso há uma Falácia de Afirmação do Consequente, quer dizer “Se Deus existe, então somos todos iguais”. Contudo, a existência de Deus não se pode provar logicamente, logo, associar a igualdade dos homens a Deus é um erro. No segundo exemplo, há um Acidente Inverso ou Generalização Apressada, o fato de sermos humanos não nos leva necessariamente a uma igualdade. No máximo, podemos afirmar que pertencemos a uma mesma espécie animal, assim como o Canis familiaris. Entretanto, não há como afirmar que um pastor belga é igual a um lhasa apso.

Para defender o ideal de igualdade entre os homens se tem usado muito o Argumentum Ad Baculum, ou seja, o apelo à força, tentando convencer a outrem de uma suposta verdade. Uma espécie de patrulha ideológica, a instauração de uma premissa hegemônica e massificada. Em nossos dias, não há quase vozes que se digam contrárias ao sistema de cotas para estudantes negros. Tal sistema, por sinal, vale-se de outra falácia, o Argumentum Ad Misericordiam. Afinal, os argumentos que o defendem apelam para a situação de miséria e discriminação histórica, sofrida pelos afro-descendentes, como justificativa para compensações necessárias etc. Sempre se utilizando de imagens mais emotivas que lógicas. Tudo fazendo parte de uma estratégia governamental, a gastar milhões de reais com a mídia na divulgação de tais princípios, incorrendo, dessa forma, em mais uma falácia, o Argumentum ad Nauseam, que se resume à repetição exaustiva de determinado argumento até que se convença pelo casanço, pela náusea.

Os defensores das igualdades se utilizam ainda do Argumentum Ad Novitatem, afirmando que o tratamento preferencial dado às comunidades negras e indígenas é algo novo na história do Brasil, logo, tem valor de verdade. A seguir, apelam para a falácia do Argumentum Ad Numerum, inferindo que a maioria dos brasileiros concorda com o tratamento desigual entre as raças. Para isso, políticos, artistas, professores, juristas etc sobem em tribunas e utilizam o Argumentum Ad Populum, tentando converter a audiência em adeptos. E é claro que reforçarão seus discursos com citações de autoridades intelectuais defensoras dos regimes de cotas e inclusão. Nesse caso, incorrem no erro da falácia do Argumentum Ad Verecundiam. Afinal, a opinião de uma pessoa notória não é verdadeiro apenas por ter vindo dela.

Como não passarão na prova do raciocínio, os advogados da teoria da igualdade entre as pessoas, como defesa, utilizarão da Bifurcação, quando dizem: “Ora, ou os homens são iguais ou eles são diferentes, se são diferentes você está querendo dizer que há homens superiores a outros”. O erro nessa falácia está da limitação das possibilidades matemáticas, “ou isso ou aquilo”. Demonstrar que não somos iguais não significa negar possibilidades outras de enunciados logicamente plausíveis. Por fim, citemos o argumento Circulus In Demonstrando, como o nome indiga, um raciocínio reduntante. Pode-se dizer, “ Os negros devem ser tratados desigualmente porque passarão a ter privilégios e se interessarão pelos estudos e crescerão socialmente, por isso os negros devem ter privilégios e ser tratados desigualmente”. Trata-se de uma circunferência amplamente ilógica, sem quaisquer provas plausíveis do que se diz.

Temos uma Constituição Federal ampla. O simples cumprimento do artigo 5º já seria suficiente para nos fazer uma nação. Infelizmente a sociedade é regida prioritariamente pela passionalidade, e não pela inteligência (vide “O homem cordial”). O pensamento de Karl Marx criou uma religião duradoura, hoje, impregnada em segmentos de toda ordem. O mito da luta de classes permeia as nossas salas de aula, os sindicatos, os órgãos públicos e os jovens em geral. Porém, a única forma de tornar os homens iguais é pela força. Desenha-se, no Brasil, um comunismo, através de arbítrios, e o que vem por aí cheira a assustador. Pois esses modelos classistas, comunitários, construídos em assembléias, fóruns, associações etc, erguem-se contra a mais sublime expressão do universo, que é a diferença. Diferente composição anatômica entre uma gota d’água e outra, diferente estrutura entre uma célula sanguínea e um neurônio, diferente rio a fluir, incansavelmente.

Esses homens e mulheres que estarão mais uma vez dispostos a matar e a morrer em nome de suas verdades, em nome de um mundo igualitário, falaciosamente, como vimos, terão como inimigos todos nós, os românticos, que amam o individualismo, o drama humano, a questão do saber e do ser. Nós, cuja essência está nos versos, na transformação de crisântemos em azuis. Nós, os escapistas, que preferimos miosótis. Que deixaríamos os pretos todos à míngua desde que nossa amada jamais nos abandonasse.

Um comentário:

Maria Renata disse...

Muito interessante a utilização da lógica para provar a inexistencia da igualdade. Gosto muito desse posicionamento, pois o que somos mesmo é diferentes, e essa é a igualdade entre nós viventes humanos.
Só mesmo um grande pensador para fazer tais associações.